sábado, 25 de junho de 2011

Comunicação em debate com professor Marcos Bagno (Altor do livro: a norma oculta).



Na sexta-feira, 6, o jornalista Antônio Carlos Queiroz (ACQ) entrevistou, para o programa Comunicação em Debate, o professor Marcos Bagno, da Universidade de Brasília, sobre a recente polêmica do livro didático de Português.

Durante a entrevista, ficou esclarecido que toda a confusão foi gerada por uma matéria mal redigida, por ignorância ou má-fé, pela repórter Thaís Arbex, do site Poder Online, IG. Na matéria, de apenas 15 linhas e quatro parágrafos, Thaís veiculou nada menos do que cinco mentiras. Todas essas inadequações mereceram comentários do professor Marcos Bagno, linguista e escritor, autor de obras de grande sucesso editorial, como "Preconceito Linguístico", das Edições Loyola.


Na primeira afirmação falsa da matéria, a repórter do Poder Online afirmou que o livro em questão "ensina aluno do ensino fundamental a usar a 'norma popular da língua portuguesa'. O professor Marcos Bagno esclareceu que, em primeiro lugar, o livro é destinado ao programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e não ao ensino fundamental. Em segundo lugar, ele disse que ninguém precisa ensinar a norma popular a qualquer estudante, uma vez que ele já aprende a falar a variedade popular da língua desde criancinha.


A repórter afirmou que o livro "mostra ao aluno que não há necessidade de se seguir a norma culta para a regra da concordância". Bagno disse que o livro mostra exatamente o contrário, isto é, que a norma culta exige a concordância dos termos da oração.


Na terceira afirmação errada, Thaís disse que "os autores mostram que não há nenhum problema em se falar 'nós pega o peixe' ou 'os menino pega o peixe'. De novo, o professor Bagno explicou que o livro afirma exatamente o contrário, especificando que as expressões da variedade popular da língua podem ser inadequadas a depender do ambiente em que forem praticadas.


Em sua quarta afirmação troncha, a repórter disse que "os autores afirmam que as regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva". Contestando, o professor Marcos Bagno disse que as regras da norma culta levam necessariamente em conta as práticas da língua viva, popular. "Do contrário, essa regras teriam de sair do latim clássico, por exemplo".


Finalmente, Bagno refutou a tese geral da materinha de Thaís Arbex, sintetizada no título segundo o qual o livro em questão "ensina aluno a falar errado". O professor disse que, provavelmente, a autora da matéria não leu o livro que criticou e, por isso, fez essa afirmação equivocada.


Durante a entrevista, o professor Marcos Bagno corrigiu também a afirmação da colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Dora Kramer, segundo quem o livro em pauta estaria "entre as piores heranças do modo PT de governar". O professor lembrou que o livro segue os Parâmetros Curriculares Nacionais adotados pelo Ministério da Educação em 1997, portanto, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, os quais, por sua vez, foram inspirados em parâmetros similares adotados muito tempo antes pelo governador paulista Franco Montoro, um dos fundadores do PSDB.


Vale a pena ver essa entrevista por outras informações relevantes adiantadas pelo professor Marcos Magno, sobre a estrutura das línguas; as diferenças e as relações entre a norma popular e as variedades populares; a história da sociolinguística, disciplina que trata dos fatos da língua; e o desenvolvimento da língua portuguesa no Brasil.

No final do programa, o professor respondeu à provocação de alguns de seus críticos, segundo os quais ele estaria defendendo uma suposta "Gramática Achada na Rua". Marcos Bagno disse que a gramática só pode sair da rua, onde o povo pratica a sua língua viva.

                      postado por: Emanuele Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário